sexta-feira, 26 de março de 2010

A cartinha

A cartinha que mandei entregá-la foi carinhosa. Nós nos divertimos tanto, que eu não suportaria sair da sua vida repentinamente, como se nunca estivéssemos juntos, mesmo que por um dia, um ótimo dia. Então aproveitei a oportunidade que seus parentes estavam na cidade e escrevi uma pequena carta; sendo sincero não lembro tudo o que escrevi, mas anotei meu e-mail para que pudéssemos entrar em contato.  Ninguém sabia o que havia escrito, exceto eu, e ela, ao receber (a não ser que alguém tenha lido durante a transição).

Acharam engraçado, claro, o fato de eu escrever uma cartinha e ainda ter a coragem de pedir para enviá-la. Acharam bonito, também. Mas principalmente engraçado. E não gostei desse comportamento. Eu não deveria manter as amizades, mesmo que a 900 km? Eu não deveria corresponder um dia, uma amizade que cri sincera, uma conexão infantil e ingênua, pois éramos crianças? Não, não deixei que isso acontecesse. Rimos juntos, conversamos juntos, brincamos juntos, tomamos leite de vaca juntos, nos sujamos juntos. Era pra eu esquecer?

Era. Hoje ela me diz que vem à minha cidade. Mas só sei seu nome. Assim como entrei na sua vida, eu deveria sair?  Não sei. Depende. Entendi as risadas dos adultos, eu queria fazer parte de uma vida que eu não devia. Talvez eu esteja ficando adulto demais para meu gosto.

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