terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Gatilho


P
assei a viver a partir do momento em que me atirei. A partir do momento em que o revolver estava apontando para meu peito e ainda assim segui em frente. É clichê, mas a morte e a vida andam juntas. Para mim, viver era passar longe da morte. E desses dias, tudo o que me resta são algumas páginas velhas na estante. Aprendi que se deve lutar pelo que se quer, mesmo quando seja tudo ou nada. Passei a viver a partir do momento em que poderia dar errado; passei a viver a partir do momento em que poderia levar um não na cara; passei a viver a partir do momento em que percebi que poderia não obter o que desejava, mas que eu deveria continuar tentando. Não sei, no mais profundo da minha alma, o que é viver e o que é morrer. Pessoas vivem mortas, ou morrem vivas (eu também já morri). Porem, viver feliz, só quando se joga.

Passei a viver a partir do momento em que me atirei. A partir do momento em que virei o revolver para mim e apertei o gatilho.

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